segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Não é poesia, é gratidão!

Gratidão à Bessa

Gratidão
Palavra que tem condão
Um poder que não se explica
Tão forte que chega e fica
Faz cantar o coração
Que vibra de emoção
E se enche daquela vontade
Que insiste, parece saudade
E então, transborda
Numa palavra só
Gratidão.
Agradeço à sua ciência
Palavras ditas com experiência
Não só poesia, mas vivência
Empatia que não se explica
Parece até que também sentiu
Fala do que não viveu
Mas no fundo, também sofreu
mesmo que por associação
Por isso agradeço
De coração
Nem tanto nem tão pouco
Mas à Beça!
Gratidão
À Bráulio Bessa.

domingo, 14 de outubro de 2018

Namorado virtual

Os anos haviam passado, aquela era a data que ficara marcada em sua mente, a data em que descobriu o amor pela primeira vez. Na época não sabia como lidar com o novo sentimento, sempre foi confuso e muito intenso.

Foi assim que tudo começou.

Ela se apaixonara por ele e ele por ela. Foi avassalador enquanto durou. Mas acabou. O que lhes restava eram apenas lembranças, algumas fotos e bilhetes que haviam trocado na juventude.
O tempo passa e as lembranças ficam.
Todo ano, naquela data, ela se lembrava dele. Mas quanto mais o tempo passava, mais distantes as memórias ficavam. Em alguns momentos da vida, ela achava muito melhor assim.

Lembrar dói…

Hoje ela era outra pessoa, muito mais decidida e confiante, não lembrava muito a menina inocente por quem ele havia se apaixonado…
Ele se casou, não teve filhos. Ocupava o tempo e os pensamentos com seus trabalhos. Tentava se convencer de que era feliz. Para ele era muito mais fácil, mas também pensava nela. Lembrava-se de sua menininha, a pequena magricela por quem ainda era apaixonado.
As vezes eles pensavam como seria se tudo tivesse dado certo ou se um dia se reencontrassem, como seria?

O tempo passou e muitas coisas mudaram e evoluíram, principalmente a tecnologia. Ele começou a trabalhar como operário numa empresa de avanços virtuais, faziam experiências tecnológicas que envolviam pessoas. Ele não sabia muito sobre o assunto, sempre fora alheio a quaisquer coisas que envolvessem teclados, telas e carregadores portáteis.
Num dia não muito bom, ele sofreu um acidente enquanto consertava uma rede de cabos, levou um choque e caiu do décimo andar. Antes de entrar na empresa, havia preenchido uma papelada doando seu corpo para experiências em caso de falecimento ou coma profundo sem reversão.
A esposa, que já não era apegada a ele, decidiu que tudo bem e acatou o último desejo do marido que já estava em coma há alguns meses.

Não muito longe dali a mulher que sempre fora apaixonada por ele ouviu a notícia de sua morte pelos jornais. As notícias se concentravam nos novos estudos que estavam sendo desenvolvidos. Ela se apressou, usou seus contados no governo, da época em que trabalhou em campanhas eleitorais e conseguiu acesso a tal empresa de tecnologias.
Chegando lá, ficou sabendo dos experimentos. A ideia era transferir a personalidade da pessoa para o aparelho celular de um ente querido, assim seria mais fácil lidar com o luto. Ela concordou em assinar os papeis, colocando-se a disposição como voluntária. Pediu para participar, pois tinha memórias com aquele homem e para que o processo se completasse, era necessário um vínculo muito forte, coisa que a viúva não possuía mais.
O procedimento foi iniciado, ela usou uma touca cheia de luzes e pontos eletrônicos que esquentava um pouco a sua cabeça, e foi incentivada a falar sobre o que lembrava, os momentos juntos, como se conheceram, primeiro beijo e coisas do tipo. Através de suas lembranças, às dele seriam atraídas e ativadas, dando a possibilidade de copiarem sua personalidade com 99,8% de compatibilidade. Em seguida, uma imagem virtual dele seria lançada em um aplicativo instalado no celular e carregada com os dados coletados pelas lembranças dos dois.
Ele continuava vivo, mantido por máquinas, mas se fossem desligadas ele estaria apenas virtualmente vivo. Ela poderia tê-lo sempre ao seu lado, disponível com um toque na tela. Poderiam conversar, passear, fazer refeições juntos e até mesmo trocar carícias com o uso da touca e um cabo de transmissão de dados ligado ao aparelho.
Ela ficou maravilhada com todas aquelas possibilidades. Sabia que as chances de ele sair do coma, eram quase nulas, sua esposa o havia abandonado… Ela aceitou fazer parte do experimento.

Levou alguns meses, as maquinas já haviam sido desligadas e todos os itens necessários, coletados e virtualizados.

Chegara o dia do encontro.

Ela recebeu um novo aparelho celular, era exclusivo para aquele experimento. Poderia ouvi-lo e falar com ele através de um ponto acoplado ao seu ouvido, basicamente um fone comum, mas que também permitia gravar as conversas e transmitir sensações básicas como calor da pele, cheiros e alguns toques mais leves.
Chegou em casa naquele dia muito ansiosa. Preparou o ambiente para receber a visita, que na realidade, só estaria dentro do aparelho novo. Se arrumou e se perfumou. Colocou ao fundo, a música que marcou o primeiro encontro deles.
Estava pronta.

– Mas e se ele não estiver pronto? E se ele não quiser me ver?

Acalme-se, é apenas um aplicativo, é apenas a versão virtual dele. Não tem com que se preocupar. Ele será movido pelas lembranças que temos juntos, é por isso que estou aqui. Não tem com o que se preocupar.

– Está bem.

Ela pega o aparelho, olha com cuidado, verifica se está tudo como recomendado e então, toca na tela fria.
Logo que as luzes acendem e o aparelho começa a brilhar, ela coloca o ponto no ouvido e escuta os batimentos do coração de seu amado. Ouve sua respiração e o calor de sua pele. Sente o cheiro do perfume que ele usava, seus olhos se enchem de lágrimas.

– Como eu queria poder tocar sua pele…

Ele aparece na tela. Parece acordar de um sono profundo.

– Onde estou?

Ele olha em volta, ela está do outro lado, ele pode vê-la. Por alguns segundos fica sem reação. Ela toca na tela, troca a roupa dele para uma muito parecida com a que usava no primeiro encontro. Passa o dedo na tela novamente e de repente, ele está sentado à mesa, ela escolhe o prato preferido dele e arrasta expondo tudo diante dele. Enxuga as lagrimas,

– Coma, você deve estar com fome.

Sem entender, ele começa a comer e observa o relógio estranho em seu pulso acender uma luz verde.

– Está gostando? É sua comida preferida.
– Onde eu estou? Me sinto estranho, pareço mais jovem… Estou sonhando?

Ela conta para ele tudo o que aconteceu. Explica que não havia outra escolha.

– Pelo menos agora estamos juntos, mesmo que de um jeito estranho… – Ela fala enquanto acaricia os cabelos dele através da tela.
Ele olha para o relógio que vibra em seu pulso e percebe uma outra luz acender, dessa vez roxa. Do outro lado, ela observa o Life e percebe que ele precisa ir ao banheiro, então muda de tela e dá a ele um pouco de privacidade.

Com o tempo, toda aquela rotina se torna mais simples. Ele se exercita, conversa sobre sua vida sem ela, fala sobre suas aspirações, aprende outras línguas e divide com ela tudo o que sente. Ela não deixa nada lhe faltar, até sugeriu novas atualizações que melhoraram a qualidade do aplicativo, dando a ele mais conforto e milhares de opções. Virtualmente, ele visitou vários lugares pelo mundo inteiro. Sempre que voltava, trazia algo para ela. Instalavam na impressora 4D, e logo ela tinha em mãos o presente de seu amado.

Com o tempo, ela adoeceu e antes que viesse a falecer, pediu para ser instalada junto a ele no aplicativo.

E foi assim, que eles viveram felizes para sempre ou pelo menos, até a bateria acabar…

Escrito por,
 Juliana Oliveira

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Ah, o amor!


            POMBELO E A MARITACA

Numa cidade sem cor e sem amor, vivia Pombelo, um pombo cinzento e magrelo que não gostava de voar. Pombelo sonhava em ser famoso e adorava cantar. De tudo um pouco ele sabia, tinha respostas para todas, ou quase todas, as perguntas que alguém pudesse lhe fazer... O problema é que ninguém parava para lhe perguntar nada, então ele cantava...
Oh venha aqui,
Você que está ai!
Não se encabule,
Ou se aborreça.
Me pergunte,
E não esqueça!
De agradecer,
Por tudo eu saber!
Larari-lálá
Larari-lálá
Larari-lálá
            Naqueles dias frios e estranhos, pouco se podia querer. Quem sabe um fogareiro aceso e leite quente para beber... Mas Pombelo não se incomodava com o frio que apertava. O que ele queria mesmo, o que faria seu coração aquecer, seria num dia de primavera correr, ao lado de um grande amor. Para ela ensinaria seu nobre canto, e com toda alegria e muito encanto, responderia para qualquer um em qualquer canto, o que de fato é o Amor! Tristemente ele dizia, para todos sem a menor alegria, que do amor nada sabia. Pombelo era diferente, andava e falava como gente. Os outros o achavam muito estranho, principalmente quando saia todo enrolado do banho!
- Ora essa! Como poderia? Tomar banho de água fria, sem ao menos tremer? Saio correndo do frio para dentro da toalha, enrolo-me todo, para quem sabe valha, a pena esquentar. Pois o frio meu caro amigo, está de matar!
            Um belo dia, quando o frio amenizou, Pombelo decidiu não caminhar, então voou. Saiu das terras cinzentas e foi se afastando, lindos campos sobrevoando e as montanhas alcançando. Ali tudo era diferente, não tinha muita gente, quase não se via um pé ou cabeça!
            Admirado com a paisagem, o magrelo não percebeu, logo à sua frente um pássaro diferente, um trancão lhe deu!
- Não vê por onde voa? -  Perguntou a maritaca.
Pombelo, ainda confuso, balançou a cabeça e sacudiu as penas. A trombada os fez cair nos galhos de uma castanheira nem muito grande, nem pequena.
- Veja só que besteira! Pássaro desastrado, me fez cair! Veja só meu estado!
- Ora, ora. A culpa não foi minha! E não me chame de pássaro! Sou psitacídeo, uma maritaca. Meu nome é Mari. Mari a maritaca.
            Foi nesse momento, que Pombelo ergueu o bico e levantou a vista. O que era aquela criatura, linda e tão vistosa. Não tinha um bico elegante como o seu, mas era maravilhosa! As penas brilhavam com cores tão vivas que seu olhar resplandeceu e de tudo que era cinza, simplesmente esqueceu!
De repente, tantas cores! Seria o galo na cabeça? Ou era aquela linda presença que lhe deixara meio besta?
- Ah querida, me desculpe. Ou melhor, esqueça! Eu não sou habituado a voar, nem sei o que me deu. Definitivamente, este não sou eu. Pombelo, é o meu nome, não sou tão belo quanto o nome, mas sei cantar e desfilar. Ando pelas ruas da cidade, sem pressa, admirando a paisagem. Gosto de tudo desfrutar. Quem sabe um dia possa me acompanhar...
- Andar? Que baboseira, não sou gente nem caminho faceira, gosto mesmo é de voar, não sei cantar mas sei falar!
- Muito bem, muito bem. O que acha de eu lhe ensinar?
            A conversa se estendeu e pela noite adentrou, e o pombo pela maritaca perdidamente se apaixonou.
            O dia logo amanheceu e a maritaca ainda falava. Contou histórias de todos os lugares por onde sempre voava. Falou da família, da paisagem e do tempo que nunca voltava. Pombelo ouvia com atenção, a maritaca estava em sua mente nos seus olhos e no coração. Suspirava de alegria com o embalar da emoção.
            No instante em que se despediu e a viu partir, Pombelo soube, observando o cinza retornar, que naquele dia, aprendera o que era amar. Voou para a cidade fria e triste, pois lá o amor não existe.
Não sabia o que fazer, só lhe restava cantar. Cantava a beleza, alegria e amor, sobre sua Mari amada a maritaca ensolarada, que fazia seu coração pular.
            E assim foi, por vários dias... Até que em revoada, passando por ali, ouviu tagarelar a maritaca que lhe fizera sorrir. Bateu asas e voou, ao encontro de seu amor. Decidiu que seu lar, era em outro lugar!  Nem aqui, nem ali, simplesmente o lar é onde o amor está.
            E para quem quer que pergunte, o que é o amor? Deixo aqui uma canção daquele pombo que voou...

Amor...
É a cor que enche o coração.
Amor...
É a flor, o calor e a canção.
Amor...
É o lar onde quero estar...
La-raaá
La-rari
Lara-rá.


           





Juliana Oliveira
21/09/2018

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

De mãe para filha


Bolinho de Chuva

A chuva escorria pela janela, nada de brincadeiras no quintal naquela manhã. Nada de pular corda, correr ou jogar bola... Malu suspirava entediada observando a respiração embaçar o vidro. A gota batia no vidro e escorria, batia e escorria, batia e escorria...
Vidro embaçado, gota de chuva, bate e escorre, suspira e suspira...
O tédio estava deixando a pequena menina sem muitas ideias do que fazer, percebendo a casa vazia, fria e apagada, pensou que a melhor opção seria ir até a cozinha onde dona Carolina, sua mãe, estava preparando alguma coisa gostosa que perfumava o ar.
Malu se aproximou da bancada, puxou o banco e quase o escalou, logo estava bem sentada vendo a mãe ir e vir pela cozinha.
- Farinha, leite, ovos... Ah esqueci! Não péra, tá aqui!
Ela pegava coisas nos armários, gavetas, potes... Revirava e mexia, sacodia e batia, triturava e moía. Malu assistia a dança com um interesse incomum.
- Mamãe? O quê que cê tá fazendo?
Dona Carolina olhou a pequena com as mãozinhas apoiadas no queixo, curiosa e entediada ao mesmo tempo, e disse:
- Estou preparando bolinhos. Mas não são qualquer tipo de bolinhos. Esses são especiais.
Erguendo-se com um novo brilho no olhar, a menina arregalou os olhinhos e perguntou:
- Especiais?
- Sim. São Bolinhos de Chuva!
Malu olhou pela janela e reparou que a chuva parecia não estar preocupada em ir embora.
- Com essa chuva toda, vai ter muito bolinho né mamãe?
Carolina olhou o temporal batendo e escorrendo pela janela e sorriu.
- Vai ter muito bolinho sim, mas não é com essa chuva que os bolinhos são feitos. Usamos farinha e todos os ingredientes normais, coisas que temos na cozinha.
- Por isso que cê vai de lá pra cá mãe?
- É por isso mesmo!
- E por que chama de bolinho de chuva então?
A mãe sorriu e lembrou de quando era ela quem perguntava. Quando criança, Carolina também fez a mesma pergunta para sua avó, numa cozinha bem diferente daquela.
- Sabe querida, eu acho que se chama assim, porque quando chove e faz frio, precisamos de alguma coisa para nos alegrar e aquecer. Então, uma vovó muito querida, vendo seus netinhos presos em casa por causa da tempestade, resolveu criar um bolinho doce e quentinho para trazer alegria aos seus rostinhos. E assim, num dia como esse, nasceu o Bolinho de Chuva! - falou colocando o prato de bolinhos sobre a bancada. O cheiro invadiu as narinas da pequena, que agora sorria, admirando os bolinhos quentinhos em formato de gota fumegando bem na sua frente.
Malu pegou um bolinho pela pontinha e partiu ao meio apreciando a fumaça que dançava no ar...
- Mamãe? Qual bolinho cê vai fazer quando estiver fazendo sol?
- Humm... Esse a vovó não me ensinou Maria Luiza.
As duas riram juntas, se abraçaram e comeram os bolinhos entre uma história e outra. E dali nasceu mais uma linda lembrança, que mais tarde, seria contada numa outra bancada de cozinha, de mãe para filha, quem sabe?


Juliana Oliveira
19/09/2018

terça-feira, 18 de setembro de 2018

O dia em que a Inspiração Apareceu - Rob Gordon


O dia em que li Rob Gordon

Sentada naquela cama velha com seu notebook sobre as coxas, pensou em como a história que acabara de ler havia mexido com seus sentidos. Há muito tempo não sentia aquele comichão, um frenesi, uma vontade absurda de escrever... Mesmo que aquele fosse seu sonho desde criança, quando no intervalo de uma aula, correu para o orelhão na expectativa de vender uma de suas historinhas à uma editora. Lembrava-se como se fosse ontem, “Sinto muito, não estamos pegando novas histórias no momento”... Foi o que disse a moça do outro lado da linha. Mesmo assim, não se sentiu menor, nem desestimulada.
 Aquela voz, aquela “ausência de vagas” - hoje certa de que fora uma negativa -,  apenas lhe encheu de esperanças... Foi o tempo e a dura realidade que fizeram essa flor murchar, mas agora, depois de ler 39 páginas de um de seus autores preferidos... Aquele pequeno texto sobre “O dia em que a Inspiração Apareceu”, de fato trouxe para junto de si, para dentro daquele quarto bagunçado, a sua Inspiração. Talvez não fosse a mesma, vestida de vermelho com um cigarro incessantemente acesso entre os dedos, hora nos lábios, sempre falando desinteressadamente sobre qualquer coisa, e no fim, mostrando-se tão sábia e indispensável. Tão independente e ao mesmo tempo dependente dos seus dedos batendo nas teclas... Podia não ser ela em forma, mas aquela presença estava no quarto, ela podia sentir.
Olhou em volta com o suspiro de quem está de volta! Motivada, com os olhos brilhando, começou a teclar, uma tecla após a outra e um novo filho nasceria. Podia não ser o tão sonhado Best Seller, mas ela estava escrevendo novamente, e esse era o melhor sentimento!
De repente, entre uma tecla e outra, uma voz rouca e cansada invadiu seus pensamentos...
“Bem que você gostaria de uma dama de vermelho lhe soprando ideias...”
Seus dedos pararam e ela procurou, esperando e ao mesmo tempo não esperando, que o dono da voz estivesse ali fora e não dentro de sua cabeça.
Foi nesse instante que ela viu, o dono da voz debochada só podia mesmo ser um senhor de meia idade com a barriga saliente e óculos pendente. Seu olhar e porte cansado passavam a ideia de total descaso.
“É sério isso? Minha inspiração é um retrato da derrota!?”
“Como ousa? – A voz rouca indagou. – O que esperava? Tanto tempo sem uso... Vai dizer que a culpa é minha?”
De fato. Ela parou para pensar. Há quanto tempo não escrevia. Buscava sempre pela dama de vermelho. Ou melhor, esperava sentada (deitada descreveria bem), por sua bela musa. Ao ler aquele texto tão simples e envolvente, percebeu o quanto era dependente de um “empurrãozinho”.
“Mas nunca é tarde não é mesmo?” Pensou inspirando e inflando o peito com motivação e garra”.
“Tarde? É tarde, muito tarde. Estou velho e cansado!”.
“Nada disso! Vamos cortar os carboidratos (Netflix e Youtube), e vamos malhar esse cérebro!”
A Inspiração se calou, nada da voz rouca e cansada que lhe invadira a mente, - “Acredito que agora morreu de vez” – Riu-se observando seu reflexo na tela do computador. “Não importa. Não preciso de uma voz na minha cabeça, preciso de coragem e confiança”.
Lembrou-se de tantas histórias inacabadas em seus arquivos. Pensou no inferno que deveria ser encontrar-se dentro de uma delas, abandonada por sua escritora... Estar no auge de uma luta lendária, ou salvando um mundo da escuridão eterna, no meio de um amor não correspondido ou se preparando para uma iniciação da qual depende a vida de seu povo sagrado...
Tantas eram as histórias deixadas de lado...
Voltar a escrever era excitante, mas ao mesmo tempo sentia medo de deixar mais uma no limbo das histórias não terminadas.
Baixou a tela do computador deixando-o de lado. Levantou-se, caminhou pelo quarto ainda olhando para o computador, assegurando-se de que logo o pegaria novamente. Aquela sensação iria passar. Onde estaria a empolgação?
“Vamos, acorde não deixe que esse medo bobo te jogue para escanteio. É só a insegurança falando...”
Foi até a cozinha, sentindo que o computar lhe observava inquisidor... “Um café para clarear as ideias é sempre bem-vindo”. O som da máquina perfurando a cápsula, a água quente passando, o cheiro do café surgindo como uma linda manhã de sol...
“ Ah... Isso é que é motivação!”
O primeiro gole de café é sempre o melhor, marca o começo de algo novo. Normalmente o dia que inicia, mas ali, naquela hora, o dia já havia começado e adentrava pela tarde, mas para ela era um símbolo, um recomeço. Não haveria resgates no limbo. Não naquele momento. Seu corpo pedia por carne nova. Era preciso se aventurar em uma nova criação, algo sem pretensão, simples e cotidiano... Talvez engraçado e corriqueiro, sem heróis ou paixões avassaladoras. Por que tudo tinha que ser grande? Alguns dos melhores textos que havia lido, muitos de seu autor inspirador daquele dia, eram crônicas ou contos de poucas páginas.
“ Eu posso fazer isso!”
Decidida a não pensar demais, foi se dirigindo ao quarto, pelo corredor via o computador deitado sobre a cama, a mesma cama que lhe aprisionara por tanto tempo, a mesma que lhe falava subliminarmente, que não havia lugar melhor para se estar...Ele estava lá, repousando.
“Repousando? Já repousei demais!”
Tirou o computador de seu repouso aprisionador, colocou-o sob o braço e dirigiu-se ao escritório há muito abandonado, assim como suas ideias, inspiração e coragem. Passou a mão sobre a mesa afastando a poeira e colocou seu mais fiel empregado sobre ela. Subiu as persianas da janela e observou a vista que fora cuidadosamente pensada quando montou seu local de trabalho. Tudo para manter-lhe focada e inspirada. Não era o mar, para embala-la ao som das ondas, nem montanhas verdes ou árvores frutíferas margeando um rio caudaloso. Era apenas a varanda do apartamento vizinho, mas além disso se via o horizonte onde o sol logo se poria... Pousou a xícara de café sobre a sua marca habitual conservada na mesa, e abriu seu servo leal, dando de cara com seu ambiente de trabalho mais atraente. Era ali, naquela página em branco que ela criava, ali onde seus bebês nasciam, alguns nem viam a cor do sol, mas para ela todos eram lindos. Não sentia dor quando partiam, na verdade esse era o real momento, o mais importante, o mais esperado. Quando eram lidos e apreciados. Era um gozo de alegria para ela.
“Como pude deixá-los por tanto tempo?”
Mais um gole no café e o som das teclas lhe invadiram o ser, era ali que ela se perdia e renascia em mundos além da imaginação, em todos eles havia um pouco de quem ela era ou fora outrora. Cada mundo uma marca intima. Escreveu por horas, quase não piscava, pois não era ali que ela realmente estava.
Havia partido.
A casca em que habitava continuava a bater nas teclas, mas ela partira para além-mar, além imaginar, além.
Discretamente, quase que oculto entre os sons no ambiente, imperceptível, não mais que uma mosquinha zumbindo no ar, o autor a observava, pois ela também fazia parte de uma nova história, que seria contada através dos mundos.


Juliana Oliveira
18/09/2018

Conheça o autor Rob Gordon --- https://www.facebook.com/robgordonsp


quarta-feira, 4 de abril de 2018

Você sabe qual a sua missão?

         
       A MISSÃO

https://sweek.com/story/AgQEDA8FZgABBwgJAwACAwtsCAA=


Ele sempre observava o movimento, todos os dias a mesma coisa. Pessoas indo e vindo, o dia amanhecendo, carros começando a aparecer e o trânsito se formando... Por um longo período, a mesma cena se repetia.

Até que mudou de posição, passou a observar de um outro ângulo, um que não dava para a cidade e sim para o campo.

Ali, uma moça muito jovem despertou sua atenção.

Todos os dias pela manhã, ainda antes de o sol nascer, ela levantava e regava as plantas do jardim, hortênsias e lindas margaridas. Parecia ter um apreço especial por estas, pois sempre se demorava e cantava quando estava perto. Depois, quando o sol já estava raiando, a jovem entrava e preparava o café, podia se ver que o fogão era daqueles antigos, de barro, pois havia uma chaminé e o cheiro de lenha tocava os céus.

Depois de pronto, ela saia da casa avarandada empurrando uma cadeira de rodas meio bamba, e nela, uma senhorinha de longos cabelos grisalhos com as pernas cobertas por uma manta de retalhos. Então, posicionava a cadeira no lado direito da varanda, onde os raios de sol logo bateriam, e começava a cantar e pentear os longos cabelos da senhora. Ela parecia gostar, pois acompanhava o canto balançando o dedo no ar como se desenhasse no vento. A moça sorria e cantava cada vez mais alto, logo os passarinhos começavam a arrulhar e piar e o dia nascia com cheiro de flores, lenha e café.

Desde aquele dia, em que ele decidiu mudar o foco, algo novo surgiu em seus olhos, uma nova energia vibrava em seu corpo e ele decidiu que estava pronto para encarar qualquer coisa que lhe aparecesse. Estava pronto para o trabalho.

Deu uma última olhada para a casa no campo esperando ver o sorriso nos lábios da bela moça, mas naquela manhã foi diferente.

O sol demorou para raiar, as margaridas estavam murchas e não se ouvia a canção da moça ou dos pássaros...

Sem entender o que poderia ter acontecido, se reteve mais um pouco observando a situação.

Depois de um longo tempo, a moça surgiu na varanda da casa. Foi até o jardim e colheu algumas margaridas, não cantava como de costume. A cabeça baixa escondia as lágrimas que escorriam pelo rosto. Logo depois, algumas pessoas apareceram e começaram a abraçar e beijar a jovem. Todos estavam vestindo preto. Assim que entraram na casa, ele sentiu o cheiro do café, mas não era o mesmo...

Aquele dia cinzento tinha cheiro de terra molhada, café fraco e tristeza.

- Com licença, moço? – A voz suave lhe chamou atenção.

- Sim?

- Estava observando aquela mocinha, não estava? – Perguntou a pequena mulher.

- Sim, ainda não decidi que rumo tomar, tive medo, mas aquela jovem com sua alegria, me fez querer aceitar uma missão. – Respondeu baixando a cabeça.

- O que mudou?

- A tristeza dela, você não vê?

- A dor está em todos os lugares, querido. Isso não devia te impedir de escolher uma missão, e sim motiva-lo.

- Como? Como pode estar tão certa disso?

- Minha neta. Ela sempre cantava para mim as mais lindas canções de amor e coragem. Por isso estou aqui, por isso sei tanto de tantas coisas... O amor transforma e dá vida, é a chave sabe? O grande segredo.

De repente ele soube.

Aquela gentil mulher de longos cabelos castanhos e olhos ternos, era a senhora da bela cena que ele observava todas as manhãs. Ele sorriu e envolveu a pequena com suas longas asas, fazendo suas bochechas corar.

- Obrigado! Já sei qual missão devo pegar. Estou pronto para o trabalho.

Cheio de coragem e muito amor em seu coração, foi até a presença do chefe...

- Senhor, estou pronto para a minha missão!

- Ora, vejo que está! Você será o anjo do amor. Levará amor onde houver dor e tristeza. Sua primeira missão é consolar o coração daqueles que perderam seus entes queridos para morte.

O anjo partiu de sua nuvem, onde observava a vida. E passou a intervir, ajudar e consolar. Desde então ele está ao lado de quem sofre, sorrindo e cantando as mais belas canções de amor e coragem.





Conto de Juliana Oliveira      

quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Num futuro não muito distante...

MODULADOR DE SENTIMENTOS


Estavam casados há quase quinze anos, ela nunca o amou como seus pais prometeram que um dia amaria. Um casamento arranjado não poderia dar certo, era o que ela acreditava. E a esperança de que os pais estivessem certos, se fora há muito tempo. 

Dedicou sua vida aos estudos, programação de dados e aperfeiçoamentos tecnológicos, que fazia para uma empresa de casamentos. Era a empresa mais bem-sucedida do mundo inteiro. Pessoas vinham de longe para se submeter aos testes de personalidade e ao Randomize de pares ideais. Apesar de ser um teste aleatório, sempre dava certo. 

Um dia, ela decidiu ir mais à fundo naqueles testes. E descobriu que sempre dava certo, simplesmente porque as pessoas queriam que desse certo. Chegou à conclusão de que esse, era o segredo de seus pais e de muitos casais no mundo. Fazer dar certo!

- Isso dá muito trabalho! - Disse desafiando-se a fazer melhor.

Pensou muito a respeito, chegando à conclusão de que algo mais poderia ser feito, algo relacionado a forma de enxergar as coisas. Como seria possível fazer dar certo, se a pessoa na sua frente é sempre a mesma? Razão do seu amargor e ressentimento...

Naquele dia, não voltou para casa. Passou o dia e a noite programando, buscando o algoritmo que trouxesse à luz seus ideais.
O dia amanheceu e ela estava cansada, seus olhos pesavam e lhe mostravam imagens que não estavam lá. Levantou-se indo em direção ao banheiro e sem que pudesse se prevenir, tropeçou no carrinho do café. 

Caiu com a cabeça no chão, cansada, ficou ali por algum tempo que não soube contar. 

Nessa hora, a ideia lhe atingiu como um raio. Voltou para sua mesa e começou a trabalhar em cima daquela nova solução.


Dois anos depois, em parceria com um aluno de mecatrônica, desenvolveram um protótipo, que instalado na nuca do receptor, alteraria a visão e os sentimentos. Se fosse desejo da pessoa gostar de alguém, ela passaria a gostar. Se desejasse ver o seu par com "outros olhos", seria exatamente isso que ela teria. Com o tempo, o protótipo foi aprimorado e começou a ser testado em pacientes com históricos de compulsão alimentar, ansiedade e perseguição. Todos tiveram resultados excelentes, as pessoas se sentiam mais equilibradas e felizes. Com os bons resultados, o sistema foi sendo ampliado, chegando a poder ser controlado por um aplicativo instalado num relógio de pulso, usado como modulador.

Foi um grande sucesso. Quando a pessoa decidisse desapegar de algum sentimento, ela simplesmente modificava os parâmetros indesejados no relógio de pulso e pronto, sem sofrimentos!

Ela mesma usava um. Seu relacionamento estava indo muito bem.

Até o dia em que seu marido também começou a usar.

Ele parou de comer doces, emagreceu, conseguiu se concentrar melhor no trabalho, começou a ganhar muito dinheiro e destaque. Então, desligou-se completamente de quaisquer sentimentos que viera a ter por ela. Colocou-se disponível para relacionamentos “verdadeiros e sinceros”, utilizando os serviços da mesma empresa em que ela trabalhava. 
Como observação, em seus registros, pediu que acrescentassem o uso do dispositivo Modulador de Sentimentos, como pré-requisito.

Ela, desligou-se do aplicativo e finalmente se sentiu livre de verdade. Dona de suas alegrias e de suas dores. Enquanto o mundo, fingia sentir o que não sentia e ser o que não era.





Escrito por Juliana Oliveira

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Mini conto

MELANCIA

Seu sonho estava perto de ser realizado, todos os dias contava os minutos que ainda faltavam para que sua enorme melancia amadurecesse e estivesse pronta para os seus braços. Ela contava cada dia, o que tornava sua expectativa cada vez maior.
Naquela manhã, algo não parecia estar bem. Acordou sentindo dores muito fortes, suas costas doíam e mal conseguia andar.  Foi levada às pressas ao hospital. Um dano congênito fez com que perdesse os movimentos, devido ao estresse daquele dia, sua melancia foi colhida antes da data prevista.

- É uma menina linda! - Disse o médico com um largo sorriso.


Ela não pode segurar sua Melanie, mas a beijou com todo carinho que só uma mãe pode dar.


Escrito por Juliana Oliveira

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Para ver com outros olhos...

A MORCEGA DE PELÚCIA

Amália era uma menina muito simpática que sempre sorria para todos. Ela gostava de brincar, assoviar e conversar. Quase sempre era possível ver a menina rodopiando e dando cambalhotas.

Quando perguntavam o motivo de ela sempre estar fazendo aquelas coisas, ela dizia:

- Estou feliz! Você não está?

Era uma ótima resposta. Fazia com que as pessoas pensassem no quanto eram amarguradas. Aí elas sorriam e procuravam reclamar menos de suas vidas.
Amália era feliz. Mas a vida dela não era diferente da sua ou da minha. Era o jeito como ela via as coisas que mudava tudo.

Um dia, ela foi para uma loja de brinquedos com seus pais. Era o dia do lançamento das pelúcias PipowPet, todas as crianças estavam lá para comprar o seu.
Mas a menina notou que algo não estava certo. Tinha muitos gatinhos cor de rosa, cachorrinhos azuis, pintinhos e patinhos amarelinhos e lindos unicórnios brancos que começaram a ser levados de enxurrada. 
Quando ela se aproximou um pouco mais, notou no meio daquelas cores e pelúcias fofas, uma outra de cor preta. Tinha grandes olhos verdes brilhantes, asas pretas e longas e dentinhos afiados.

- Papai! Que bichinho é esse? – Perguntou colocando a pelúcia para cima.

- Nossa! É um morcego.

- Por que ninguém está levando ele?

- Acho que preferem os outros.

Amália olhou para o bichinho, acariciou sua pelúcia e de repente, percebeu como era bonito e diferente.

- Vou levar este!

A menina foi embora, feliz da vida com o seu novo bichinho favorito. Decidiu que era uma morcega e que seu nome seria Lua. 
Fez uma coleira enfeitada com continhas, preparou para ela uma cama fofa e quentinha, e começou a contar para a morcega, lindas histórias que ela mesma inventava. Quando adormecia abraçada com ela, amanhecia feliz.

A morcega virou sua melhor amiga.

Um dia, quando foi passear na casa das amigas de sua mãe, Amália foi surpreendia com a reação da tia Flávia,

- Olá minha querida, que bichinho é esse?

Amália sorriu e estendeu os bracinhos para mostrar sua morcega de pelúcia,

- É a Lua.

- Que bicho feio! É um morcego!

- Ela não é feia tia Flávia, ela é diferente, e mesmo assim continua linda!

Não é que a menina tinha razão!

Lua era um bichinho diferente, mas parecia sorrir com seus grandes olhos verdes. A beleza dela estava no coração de Amália. Ela nunca foi uma criança como as outras, sempre amou o simples e sempre valorizou o diferente.

Amália ensinava os adultos a amar.

Um amor verdadeiro, aquele que vale à pena.

Quando voltou para casa naquele dia, estava muito feliz, sabia que agora, todos veriam Lua através de seus olhinhos, que também eram verdes, como os da sua grande amiga.



Escrito por Juliana Oliveira

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Para as mães e aquelas que sonham ser...

UMA NOITE DAQUELAS!

Quem é mãe, vai me entender, 
Como pode sobreviver,
A uma noite “daquelas”?

Maria Manuela, é atleta.
Faz judô, Karatê e bicicleta,
Quando crescer,
Quer ser Médica,
Desenhista,
E Cantora.

Dona Eliana,
Trabalha o dia todo,
Chega em casa cansada,
Descabelada,
E quase sempre, atrasada.
Sonha com uma noite tranquila,
E descansada.

Depois do jantar,
Conta uma história para a pequena sonhadora,
Mas é aí que o perigo mora...

Maria Manoela,
Esperta que só ela,
Logo inventa outra história.
A mãe, já quase dormindo,
Concorda com um aceno e sorrindo,
Com coisas, que nem está ouvindo.

Depois de um estalo,
Acorda e diz: Não, não, não menininha. Já para a caminha!
A menina vai para cama,
Chateada com a vida, reclama:

- Não consigo dormir! Não consigo dormir!

Depois de alguns minutos...
- Manhê! Tem um bicho no meu colchão!
Dona Eliana, corre assustada,
Para salvar a filha desamparada.
Sendo que o bicho, era só na imaginação.

Mais um tempo depois...
- Manheeeeê.... Não tô cansada não!

Dona Eliana acaba cedendo,
Leva a criança para a sua cama,
Mas dessa ideia de quem ama,
Pode acabar se arrependendo.

Eliana dorme tranquila...
Mas não por muito tempo!
Rápido como o vento,
Um pé!
Ainda com cheiro de chulé,
Acerta sua cabeça como um pensamento!

Eliana levanta da cama,
Ajeita a criança inquieta.
A menina roda mais do que pião,
Girando na cama, não no chão.
Horas depois...
Os sentidos de mãe,
Mesmo dormindo,
Estão alertas!
Dona Eliana estica o braço,
E resgata a pequena atleta.
A beirada da cama, vira precipício,
Aquela noite foi um desperdício...

Mas uma ideia surge,
Para salvar a pobre mãe.
Ela enrola a menininha,
Que fica bem enroladinha,
Parecendo um pacote.
Dos lados, uma muralhada!
Muitas almofadas,
Formando uma barricada.
Eliana olha aliviada,
Deita no que sobrou da cama,
Boceja e pelo sono chama...

Alguns minutos se passam...

- Bom dia mamãe!
Acorde, já dormiu demais!
Quero café, suco e cereais.
Mamãe! Quando crescer, quero ser bonita e forte igual a você.



Escrito por uma mãe cansada, às quatro da madrugada.

Juliana Oliveira

quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Microconto!

V PRÊMIO ESCAMBAU DE MICROCONTOS!




O Escambau, site que incentiva a escrita e divulga a literatura, tem um prêmio que acontece de tempos em tempos, baseando-se na escrita do melhor microconto. São selecionados 35, dentre esses, os 10 melhores recebem a premiação. É um prêmio simbólico, visto que o site não tem muito patrocínio, mas o que vale mesmo é participar, aprender e ver que as pessoas estão curtindo aquilo que você escreveu. Nessa quinta edição, dois dos meus microcontos foram selecionados. Fiquei muito feliz! Não é fácil escrever algo interessante limitando-se a 300 caracteres e com um tema predeterminado. Não é fácil, mas é muito divertido!

O primeiro selecionado foi esse:

22 – Juh Cavalcante

Contemplou seu belo trabalho. Nunca tinha feito nada igual, orgulhou-se completamente do que via à sua frente. Quando percebeu a sujeira que se espalhara, arrependeu-se de ter tirado tudo, menos as meias que estavam ensopadas de vermelho vivo.
Nunca mais esculpiu melancias usando meias brancas.

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Não lembro qual foi a palavra do dia no anterior, mas no seguinte, a palavra era FITA:



28 – Juh Cavalcante

Todo ano o presente de aniversário de casamento era o mesmo, uma linda fita de seda. Foi o que ela ganhou de seu marido no momento em que fizeram os votos no altar. A fita simbolizava o laço de união. Mas depois de vinte anos de casamento, ela olhava para a fita como a linda mordaça que passou a ser.

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Bom, é isso! Se você gostou, acessa o site e confira os outros microcontos dessa lista de 35, todos são muito interessantes! Segue o link da página. Inscreva-se e acompanhe as postagens. Ah, e não esqueça de deixar nos comentários, a sua opinião sobre os meus microcontos, quero saber o que você achou!